O casco

Também chamado de bojo ou corpo dos tambores é a parte responsável pela ressonância do instrumento. Existem muitas formas conhecidas do casco nos tambores: cônicos, cilíndricos ou tubulares, em forma de barril, ampulheta, taça e etc. E esta forma, juntamente com as características do material e de detalhes construtivos como espessuras do casco e proporções do desenho vão definir como o som, produzido pela(s) membrana(s) irá ressoar e se propagar.

Algumas grandezas podem ser definidas:

O tamanho da ou das “bocas” do tambor iram definir o diâmetro da(s) membrana(s) e é o principal fator (juntamente com a tensão aplicada à membrana) que defini a altura do som do instrumento. O quando maior o diâmetro mais grave é a frequência principal da membrana acoplada a esta “boca” e consequentemente mais grave é o som do tambor Apenas alguns tambores produzem som de altura definida, a maioria deles apresenta um tom pois produzem diversos parciais que não apresentam em geral uma estrutura harmônica.

A profundidade do bojo irá influenciar no timbre do instrumento deixando-o mais “profundo” ou “cheio” o timbre do tambor o quanto maior for o comprimento deste casco.

Variações de material e espessuras deste corpo iram influenciar no timbre, alterando a resposta de frequência desta caixa de ressonância. Materiais mais rígidos apresentam melhor resposta em frequências altas enquanto que materiais mais “moles” se confortaram melhor com harmonicos mais graves.

As características de um timbre são difíceis de ser verbalizadas e comumente emprestamos adjetivos de outros sentidos para expressar o que ouvimos. O som de um tambor pode ser mais “aveludado” ou “claro”, “seco”. Podemos ter um timbre mais “focado” ou “espalhado”. Grande parte destas qualidades são de responsabilidade do casco, mas a pele ou membrana é a grande parceira nesta tarefa.

Os cascos de madeira em geral são fabricados de três maneiras. A madeira laminada colada, a madeira em blocos colados e a madeira talhada.

Das três técnicas conhecidas, a madeira talhada (solid shell), que trabalhar com toras inteiras de madeira, é a que possui os melhores resultados acústicos. As fibras se encontram dispostos da melhor forma para sofrer as tensões em que o bojo são submetidos. É também a mais antiga das técnicas de construção de cacos para tambor.

Seguindo a ideia de que o quanto mais cola usada, pior o comportamento acústico do casco, a próxima técnica em qualidade acústica, é a tanoaria (Stave Shell). Com blocos sólidos colados com as fibras no mesmo sentido que se encontram em uma tora, esta técnica, muito usada em barris, apresenta excelente qualidade acústica usando menos madeira. Permite também utilizar madeiras mais densas, que são raras de se encontrar em diâmetros grandes. Outra técnica parecida é a blocos sólidos intercalados (solid block shell), que monta o casco com os blocos colados em camadas intercalados, com as fibras no sentido tangencial. Possui boa resposta acústica e mas por usar mais cola e pelas disposição das fibras a qualidade sonora é um pouco inferior que a tanoada.

A técnica de laminado colado, ou compensado, é a mais encontrada no mercado, porém é a que apresenta pior resultado acústico de todas. Proporcionalmente é a que usa mais cola. É curioso pensar que uma técnica desenvolvida para criar chapas de madeira para melhor absorver impactos, é largamente utilizada para construir caixas de ressonância como os cascos do tambor.

 

Fonte: Acústica Musical Autor: Luís L. Henrique – Ed. Fundação Calouste Gulbenkian